O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) realizou três palestras problematizando o “bullying” para discussão junto aos profissionais do Serviço de Psicologia e Orientação Pedagógica (Sesop) e assistentes de alunos do Colégio Pedro II, na Unidade São Cristóvão. Comandadas pelas conselheiras Giovanna Marafon (CRP 05/30781) e Helena Rego Monteiro (CRP 05/24180), as palestras foram realizadas nos dias 4, 8 e 11 de fevereiro, e contaram com participação das psicólogas e assistentes técnicas da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP-RJ (COF) Cristiane Lima e Anne Meller.

Ao longo dos três dias de atividades, foram discutidos tópicos como os movimentos contemporâneos de controle e aprisionamento da vida, a medicalização e a judicialização, bem como a criação do “olho clínico” do professor, que atualmente é voltado para a identificação de possíveis transtornos. Também foram discutidas inovações da indústria farmacêutica, como a produção e comercialização de novas drogas para as mais diversas patologias, especialmente para o chamado Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que cada vez mais vêm sendo utilizadas nas instituições de ensino.
O propósito dessa lógica de medicalização na Educação foi debatido, bem como seus efeitos judicializantes, que se ocupam de imposição de julgamentos, punições e culpabilizações nas escolas. Nesse sentido, também foi amplamente discutido como a capacitação de profissionais da educação tem estado voltada para a identificação de desvios e a para a categorização dos alunos em uma dicotomia bastante restrita de “vítimas x agressores”. O tópico ganhou ainda mais fôlego com a contribuição dos assistentes de alunos do primeiro segmento do Ensino Fundamental – o “Pedrinho” –, que atuam diretamente com os alunos nos corredores, entrada e saída das aulas, intervalo, tendo contato direto com eventos e situações de conflito.
As palestrantes também abordaram questões polêmicas como a relação histórica entre a Educação e a Psicologia, que remete a práticas de assujeitamento e à legitimação de processos de exclusão, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), importante dispositivo de garantia de direitos, mas que vem cada vez mais sendo acionado para justificar ações e decisões autoritárias e punitivas.
No evento, as representantes do CRP lembraram e reafirmaram o compromisso político do Conselho com a promoção da Psicologia como prática de afirmação da vida, sempre pautada pelo respeito aos direitos humanos e fazendo a interface com a educação pública e de qualidade.