Em mais um encontro do ciclo de palestras Lance Livre, o GT de Psicologia do Esporte do CRP-RJ reuniu, no dia 06 de julho, psicólogos, estudantes de Psicologia e profissionais de áreas afins em torno do debate: Treinamento esportivo: uma abordagem interdisciplinar. Dessa vez, os palestrantes convidados foram o atleta, técnico de tiro esportivo e estudante de Psicologia, Silvio Aguiar, e o professor de Educação Física da UFRJ, Paulo de Tarso Pinheiro.
Silvio ressaltou a importância da prática do esporte para a cidadania e a responsabilidade social que o psicólogo tem sobre o atleta. Segundo ele, “o esporte é mais do que nunca importante na formação do jovem” e a Psicologia cumpre importante papel nesse processo. “Eu não consigo conceber um treinamento esportivo sem o apoio do psicólogo da equipe que vai trabalhar essa pessoa”, afirmou.
De acordo com o técnico, a visão de trabalho dos profissionais que atuam junto aos atletas tem quer ser “holística”. “O atleta é um ser bio-psicossocial, ou seja, uma pessoa que tem três esferas imbricadas atuando sobre ele: de um lado, a bio, que comporta treinadores, médicos e fisioterapeutas trabalhando as variáveis biológicas do atleta; de outro, a social, que compreende a família, a escola, os torcedores desse atleta; e, por fim, a psico, fazendo o elo, interagindo esses agentes”. Para ele, “o psicólogo é aquele que vai permitir a comunicação entre esses três agentes, e manter um diálogo coerente entre ambas as partes”.
Ele apontou ainda a importância da visão multidisciplinar sobre o acompanhamento do atleta e da integração dessa equipe multidisciplinar na preparação desse atleta. “É importante perguntar quem é a pessoa que treinamos, como a treinamos, por que a treinamos e com qual objetivo. São essas as perguntas que definem a base com a qual você vai trabalhar com o atleta, e essa base precisa ser de uma equipe multidisciplinar, que articule a pluralidade com a horizontalidade de conhecimentos”, concluiu.
Paulo acentuou a importância de se articular um trabalho com o atleta de modo amplo e transdisciplinar. “O psicólogo, o nutricionista, o fisioterapeuta, o técnico, eles têm que pensar que o objetivo é o aluno, é a pessoa, não o rendimento. O trabalho tem que ser centrado na pessoa”.
Ainda de acordo com o professor, esse trabalho transdisciplinar deve partir, inclusive, do próprio profissional. “Quando eu era atleta, sempre senti a necessidade de um apoio, um trabalho de várias frentes. Quando passei a trabalhar com o atleta de alto rendimento, percebi que o maior problema era motivá-lo, e, muitas vezes, eu realizava com esse atleta um trabalho de educador também. Eu muitas vezes me via obrigado a atuar em diversas frentes”, relata.
Sobre a intervenção psi no Esporte, Paulo afirma que ela não é satisfatória e exortou os psicólogos a “contribuírem mais”. “Não me agrada ver a ação dos psicólogos do esporte na atividade física; acho que vocês têm uma contribuição muito maior a dar”.
Texto e fotos: Felipe Simões
10 de julho de 2009
atualizado em 06 de agosto de 2009