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CRP-RJ participa de debate sobre ética na Psicologia Hospitalar


Data de Publicação: 2 de setembro de 2008


Ana Carla Silva, coordenadora da Comissão de Saúde do CRP-RJ, foi convidada para participar da sessão interativa “Temas controversos em Psicologia Hospitalar: discussão de casos clínicos”.

Ana Carla Silva, coordenadora da Comissão de Saúde do CRP-RJ, foi convidada para participar da sessão interativa “Temas controversos em Psicologia Hospitalar: discussão de casos clínicos”.

Encerrando a Semana do Psicólogo, a conselheira Ana Carla Silva (CRP 05/18427), coordenadora da Comissão de Saúde do CRP-RJ, participou do V Fórum de Psicologia do Procordis, em Niterói, no dia 30 de agosto. O Fórum fez parte do XVI Simpósio do Procordis, que reuniu eventos ligados a diversas áreas da Saúde nos dias 29 e 30.

Ana Carla foi convidada pela organizadora, Nélia Mendes, para participar da sessão interativa “Temas controversos em Psicologia Hospitalar: discussão de casos clínicos”, que debateu a ética do psicólogo a partir de casos concretos. A conselheira destacou a importância da ética para o CRP-RJ. “A atual gestão do CRP tem pensado muito a questão da ética. Mas não no sentido da fiscalização, como se houvesse uma única conduta verdadeira e o psicólogo que fugisse a ela devesse ser punido. Nós queremos seguir o caminho da orientação, não da punição”.

Nessa perspectiva, Ana falou da necessidade de se conhecer o Código de Ética, mas não ficar amarrado a ele. “O Código nos dá uma dimensão muito ampliada das situações que vivemos, mas a questão ética vai além. Nós temos nossos próprios princípios, valores, enquanto sujeitos históricos. Ao nos tornarmos psicólogos, não deixamos de ser humanos. É fundamental flexibilidade e bom senso ao lidar com esse instrumento”.

Na atividade, os presentes se reuniram em grupos para discutir alguns casos clínicos e, em seguida, houve um debate sobre a ética do psicólogo e qual seria sua melhor forma de ação em cada uma das situações.

O primeiro caso apresentado foi o de uma psicóloga que suspeita que uma criança internada sofra abusos pelo pai, mas a mãe se recusa a tomar providências. Após debate, os presentes chegaram à conclusão de que a profissional deveria conversar com os pais. Ana Carla aprovou a decisão, mas deixou claro que não há apenas uma solução para nenhum caso.

“O papel do psicólogo é de escuta e acolhimento. Não há certo nem errado. Mas é uma boa posição a de conversar com os pais. Denunciar o pai, por exemplo, não seria papel do psicólogo, pois ele não deve julgar”, disse. Ana exemplificou com o caso do Depoimento Sem Dano, prática transformada em projeto de lei e combatida pelo Conselho Federal de Psicologia e pelo CRP-RJ.

“Em caso de suspeita de que a criança sofreu abuso ou maus tratos, o juiz chama um psicólogo ou assistente social para colher o seu depoimento. Esses profissionais são usados para tirar informações dessa criança como prova para condenar o suspeito. Mas não cabe ao psicólogo essa posição de acusador nem obrigar ninguém a falar o que não quer ou não pode”, afirmou.

As situações seguintes trataram da questão do psicólogo frente à vontade do paciente, mesmo quando ela possa prejudicar sua saúde, como no caso de uma senhora que se recusava a receber uma transfusão de sangue devido à sua religião. Os presentes apontaram a necessidade de o psicólogo sempre conversar com seu paciente. “Temos que acabar com o entendimento de que trazemos uma verdade absoluta que deve ser passada ao paciente. O psicólogo não tem que convencer ninguém de nada, Não estamos aqui para dizer o que é certo, mas para acolher a angústia, o desejo do outro”, acrescentou Ana Carla.

Ela destacou, porém, que cada situação é única. No caso de um homem soropositivo que não queria contar seu estado à ex-mulher, com medo de que ela descubra que ele é homossexual, Ana apontou uma abordagem diferente. Na situação apresentada, o paciente entra em coma e o psicólogo se vê entre o seu direito à privacidade e o da família de fazer o exame.

A conselheira explicou que, como afirma o Código de Ética, a família deveria ser comunicada, pois é uma situação que envolve saúde pública e risco de terceiros. “Mas não cabe ao psicólogo julgá-lo por ter a doença, por ser homossexual, por haver traído a esposa. Temos que tomar cuidado para, ao falar com a família, não fazer denúncia,  recriminar, a partir de juízo de valor. Temos que lembrar que ele é um ser humano como nós”, destacou.

Ao final dos debates, Nélia Mendes fez uma avaliação do Fórum junto com o público, que declarou a importância da participação da conselheira do CRP-RJ. “Procuramos sempre chamar o Conselho para nossos eventos, não apenas para participar de uma mesa de abertura, mas para ter papel efetivo, nos orientando sobre questões éticas, por exemplo”, afirmou a organizadora.



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