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Psicólogos debatem a relação entre Saúde e Educação


Data de Publicação: 11 de julho de 2008


Os participantes da II Mostra Regional de Práticas em Psicologia, realizada pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) de 10 a 12 de julho na Universidade Veiga de Almeida (UVA), tiveram a oportunidade de acompanhar um debate sobre a relação entre Psicologia e Educação. A mesa redonda “Saúde nas escolas: como gerar efeitos de diferenciação” ocorreu nesta sexta-feira, dia 11 de julho, e contou com a participação das psicólogas Marisa Rocha (CRP 05/3758), do Instituto de Psicologia da Uerj, e Maria Jacintha (CRP 05/7056), diretora do CAPSi Eliza Santa Rosa, de Jacarepaguá.

A psicóloga e conselheira do CRP-05 Rosilene Cerqueira (CRP 05/10564), que mediou o debate, deu início à mesa destacando que essa é mais uma atividade promovida pelo Conselho para discutir a atuação dos psicólogos nas escolas. “Já realizamos eventos no Fórum Mundial de Educação em Nova Iguaçu, na Uerj, em Petrópolis e em Campos”. Ela reafirmou a posição do CRP de interdisciplinaridade.

Marisa começou sua fala explicando o conceito de saúde. “É essa definição que vai conduzir nosso trabalho. Se queremos trabalhar com saúde na escola, primeiro precisamos saber o que é ‘saúde na escola’”, afirmou. A psicóloga criticou a visão comum da saúde relacionada a “corpo” e, mas especificamente, a “corpos defasados pela doença”. Segundo ela, essa noção de saúde tradicional “aponta para o isolamento, ou seja, a campo privado em vez do campo coletivo, que é o caso da escola”.

Segundo Marisa, saúde é potência para enfrentar a adversidade. “Quando digo que quero trabalhar com saúde na escola, digo que quero lidar com o processo de enfrentamento das adversidades no cotidiano da educação”. Para a pesquisadora, o psicólogo precisa sair do papel atribuído a ele tradicionalmente. “O psicólogo é chamado para homogeneizar a diversidade que há entre os alunos. Nosso trabalho é deslocar esse lugar marcado para nós, deslocar as demandas existentes e produzir outras demandas”. A psicóloga acredita que somente dessa forma será possível construir verdadeiros espaços de diferenciação.

Maria Jacintha deu continuidade à discussão falando sobre sua prática no CAPSi. Ela começou explicando o que é a instituição. “É um dispositivo novo da Reforma Psiquiátrica. Os CAPS de adultos já existiam há algum tempo, mas os infantis são novos. Nós priorizamos o atendimento a crianças que apresentam casos mais graves. Há cerca de dez anos, essas crianças estavam aprisionadas dentro de casa, em abrigos para deficientes etc. Esse dispositivo surgiu para dar um novo olhar a essas crianças, que estavam sem tratamento”.

Segundo a diretora, é necessário um diálogo entre psicólogos, médicos, professores e outros profissionais. “É preciso que haja intersetorialidade, na qual trabalhem juntas saúde, educação, Justiça etc. O que pretendemos é que a criança esteja com a família, esteja na escola, tenha outros tratamentos além da medicação”.

A psicóloga encerrou destacando que deve-se olhar o coletivo e o individual ao mesmo tempo. “A política (de inclusão) é para todos, mas no caso dessas crianças, é preciso ver cada caso. Qual é a sua história, como são seus pais, quais são seus interesses? Assim, a professora pode criar um plano de trabalho diferenciado para cada criança”.

Ao final das falas, foi aberto o debate com o público, que levantou temas como a relação entre pais e professores, a importância do trabalho conjunto dos profissionais de saúde e educação e a necessidade de questionamento de “diagnósticos”, como “dificuldade de aprendizagem” e “dificuldade de disciplina”.

A II Mostra, organizada pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), acontece de 10 a 12 de julho na Universidade Veiga de Almeida, Campus Tijuca. Interessados podem se inscrever, no próprio local. Para programação e informações, acesse o site da Mostra.

Veja mais notícias sobre a II Mostra.

Texto e foto: Bárbara Skaba

11 de julho de 2008