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Seminário Mídia e Psicologia discute relação entre Cidadania e alienação


Data de Publicação: 29 de junho de 2007


Participantes discutiram influência dos meios de comunicação no cotidiano

No segundo dia do evento Mídia e Psicologia, no Rio de Janeiro, uma das mesas foi “A Produção dos Sujeitos: A Tensão entre Cidadania e Alienação”. Participaram Pedrinho Guareschi, do Instituto de Psicologia Social da PUC-RS, Diva Conde, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Henrique Antoun, da Escola de Comunicação da UFRJ.

1-seminario-midia-e-psicologia-discute-relacao-entre-cidadania-e-alienacao01De acordo com o professor Pedrinho: “Nada hoje, sobrevive ou perpassa, que não seja através da mídia”. Ele citou o sociólogo Betinho: “ele dizia que o termômetro que mede a democracia numa sociedade é o mesmo que mede a participação dos cidadãos na comunicação”. O professor lembrou uma questão do livro do qual participou, chamado Mídia e Democracia: “O livro revelou que boa parte dos brasileiros pensa que a Rede Globo é dos Marinho e não um serviço público, resultante de uma concessão pública”.

A tarefa da mídia, segundo Pedrinho, deve ser educativa: “Educação não é informar, é fazer a pergunta, colocar o problema”. Ele comparou as reportagens na televisão brasileira e na BBC de Londres, lembrando que a

A mesa “A Produção dos Sujeitos: A Tensão entre Cidadania e Alienação” questionou o modo com os meios de comunicação se inserem no dia a dia das pessoas.

A mesa “A Produção dos Sujeitos: A Tensão entre Cidadania e Alienação” questionou o modo com os meios de comunicação se inserem no dia a dia das pessoas.

média de uma reportagem na BBC é de seis minutos, priorizando conteúdos muito diferentes da TV brasileira.

A professora Diva Conde questionou o modo com os meios de comunicação se inserem no dia a dia das pessoas: “A emissora fala com muita intimidade com cada um de nós. Locutores, apresentadores, artistas variados e celebridades ganharam espaço na privacidade das famílias, as famílias discutem sobre novelas. Não se discutem questões educacionais, projetos de sociedade, elas não fazem parte da programação as quais acessamos, salvo uma ou outra exceção. Tudo nos chega pré-escolhido, com as palavras definidas. A presença da mídia na vida das pessoas desde o início de seu desenvolvimento é um elemento construtor de sua subjetividade – destacou, comentando a fala de Pedrinho.

Diva questionou o modo como as notícias são veiculadas nas reportagens de televisão. Ela citou os conflitos ocorridos entre polícia e traficantes, nos últimos dias, no Complexo do Alemão (conjunto de comunidades situadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro): “a primeira reportagem sobre o conflito de anteontem dizia que 18 ‘bandidos’ haviam morrido, posteriormente dizia: morreram 18 ‘pessoas’. No dia seguinte dizia-se: ‘18 morreram, pelo menos 12 são bandidos’”. Ela criticou a falta de crítica e a banalização da associação entre os termos ‘bandido’ e ‘morte’ nos jornais: “eles falam sobre morte sem pestanejar”. Ela ressaltou, ainda: “Não há nenhuma proposta de interlocução ou intervenção por parte das famílias atingidas”.

O professor Henrique Antoun falou sobre a existência de uma ‘fábrica social’ na sociedade contemporânea: “Um dos elementos primordiais é a questão da grade televisiva, ou seja, a cooptação, no seio da própria mídia de massa, daqueles que operam esta mídia: o fim da distância ou diferença que havia entre os interesses jornalísticos ou artísticos ligados a esta mídia e os interesses empresariais”. Ele ressaltou que, hoje, os próprios jornalistas e artistas são sócios, são os empreendedores, o que dificultaria a possibilidade de crítica dentro dos veículos de comunicação.

Antoun falou, ainda, sobre a produção de subjetividade, hoje. Segundo ele, os indivíduos são estimulados a assumirem posicionamentos sociais: “a questão não é mais reprimir o desejo, não é mais impedir que alguma coisa se manifeste, a questão é dar um sentido a isso, fazer com que se escolha, sob certas condições, em certas direções, a partir de certos parâmetros”. Ele falou que, hoje, há uma gama de meios para a difusão de informações: os blogs, as redes virtuais de relacionamento, a web 2.0, que surgem e, rapidamente, são alvo da tentativa de regulação.

O Seminário Mídia e Psicologia ainda acontece, no Rio de Janeiro. Você pode acompanhar as mesas de debates, ao vivo, pelo site do POL.



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